Uma vez, me disseram
Que eu não era normal
Filhote de cruz credo
Uma comida sem sal
Não entendia o porquê
De ser tratado assim
Procurei me esconder
Dessa gente tão ruim
De nada adiantou
Se esconder do povo
Bastava eu estar lá
Para ser zoado de novo
Com o passar dos anos
Aumentou a gozação
Não contentes em me zoar
Partiram para a agressão
Eu chegava em casa
Chorava copiosamente
Não conseguia apagar
Tudo isso da minha mente
Fiquei mais isolado
Não ia para a escola
Uns até perguntavam
Mas eu, nem dava bola
Um dia tudo acabou
Ninguém sabia explicar
Aquela dor findou
Como num passe de mágica
Tanto tempo se passou
Só agora me lembrei
A zoeira terminou
Quando eu me suicidei.