Quando fixo em seus olhos
Consigo perceber as quatro estações
Se alternando em cada amanhecer
Quando olho para os seus olhos
Vejo seus cabelos esvoaçando
Acariciando o ar que os rodeia
Do mesmo modo que a chama da vela
Soprada por sentimentos que acredita disfarçar
Quando contemplo seus olhos
Vejo as lágrimas de outono
Trazidas pela saudade do calor
Percebo suas folhas caídas
Em um sorriso agora amarelo
A vontade de acreditar em não encontrar um caminho
Apenas para se esconder da dor
A firmeza do tronco desalinha-se da realidade
De cinzas é feito seu castelo
Quando observo seus olhos
Vejo na frieza do inverno de seu olhar
A busca da felicidade
O calor que sobrevive escondido
Sob o fogo da canção
Vive nas coberturas
Cercada das imaginárias labaredas da falsidade
Quando a música que captura o momento
Revela entre outras coisas um toque claro de solidão
Quando vislumbro seus olhos
Vejo um infinito jardim ainda submerso em angústia
Flores guerreando na vontade de desabrochar
A primavera que tenta ocultar
Ou talvez realmente não saiba ainda
Quão maravilhosa é a vida em sua eternidade
Falta-lhe, quem sabe, valentia
Mas quando fecho os meus olhos
E direciono aos seus
Vejo que terá de confiar no amor
Aquele que um dia acredita ter lhe sido insolente
Deixe o pássaro voar por dentro de sua mente
Permita que ele leve as asas incandescentes
A resposta estará sempre no amor
Não se dê ao trabalho de tentar entender
Apenas siga as estrelas
E acredite
O verão chegará novamente...