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Ao cárcere, tolo!

Ao cárcere, tolo!
Laila Zanov
Oct. 10 - 1 min read
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Você nunca se importou com o início, e nunca atentou para o fim.

Não aprendeu os significados de liquefação de órgãos, excreção de metano, cadaverina, putrescina, autólise, calliphoridade.

Desprezou e não tardou a sucumbir à grande comunista democrática.

Seu corpo está ocluso, reconhecível ou não, menos sob lágrimas, mais sob concreto e mármore.

Alguns dias se passarão e sua ausência será sinônimo de recomeço, paz, descanso, alívio, pesadelos, horror noturno, piadas...

Ossos, cabelos, unhas.

A vaidade o consumiu, produziu sua mente voraz com o intuito de fazê-lo desaparecer,

Tornando-se nutrição para larvas cadavéricas.

Ao ser o primeiro, você foi derrotado, assim como seus planos contraditórios.

Perdeu quando foi incapaz de responder ao meu último adeus.

Sem reencontros! Eu fugiria de qualquer possibilidade.

Presenças ausentes estão suscetíveis ao desaparecimento.

Café, chocolate quente, quarto, silêncio, paz.

Ontem à noite, eu pensei nos Pântanos da Dinamarca,

Eu pensei na Mulher de Haraldskaer,

Eu pensei na Mulher de Elling,

Eu pensei no Homem de Grauballe,

Eu também pensei no Homem de Tollund.

Mas não pensei em você, ou em alguém com sua aparência,

Nem em seus amigos, ou familiares.

Não pensei em ninguém vestido com o suor alheio.

Há hoje uma felicidade nobre na quietude de meu exílio.

Você foi um deserto que findou antes de surgir.

Haverá serenidade na face anônima de um morto?

Eu jamais visitarei sua paragem.


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