Entre nuvens, oculta, pronta para lutar
Com armas, soldados, ira, canhões...
A noite está prestes a voltar.
Um sorriso macabro ecoa pelos ares.
Dragões alados sobrevoam os mares.
Velhos ogros, bestas infernais,
Batalhões de feras, tiros fatais...
Como chamas, encobrem todos os caminhos:
Montes, matas, troncos, caules, espinhos.
Marcas de aflição, sombras, seiva escorrendo...
Clama-se por socorro! O dia está morrendo!
Em câmera lenta, os cenários se apagam,
Flores murcham, folhas secam, vozes se calam.
Com cinzas espalhadas e de silêncio revestida.
A noite se arrasta vitoriosa, por horas, convencida.
Mas eis que raios de sol anunciam o milagre divino,
Que vem como um fio de fumaça ainda pequenino.
E começa a desenhar novas histórias, novas ilusões,
Revivendo os seres, purificando corações.
Deslizando pelo ar, levado suavemente pela brisa,
Multiplica-se e espalha a paz que ele avisa.
“Vermelho” de fogo, que outrora foi sofrimento,
Dá lugar à chama de outro forte sentimento:
O fogo da paixão, que aquece e nos guia;
Que alimenta; fonte de toda energia.
E numa fração de segundos, o mundo volta ao normal.
Nenhuma lembrança fica: nenhum sinal.
A rubra noite passada agora repousa esquecida
Aguardando amargurada e ressentida,
Uma nova oportunidade de reaparecer,
Mesmo sabendo que jamais vai vencer.