A MORTE DAS CARTAS
As cartas que morreram
não foram as cartas do tarô,
foram as cartas dos amigos
foram as cartas de amor.
Não sei exato a data
que morreram essas cartas,
não sei quem foi que matou.
Essas cartas eram vivas
era a maior alegria,
com uma carta de amor
qualquer pessoa sorria.
Respondia-se essa carta
de maneira imediata
com linda caligrafia.
Pois numa carta de amor
tudo precisava ser perfeito,
as palavras eram flechas
que acertavam o peito.
Em papel perfumado
o envelope enfeitado,
com flores de todo jeito.
E o pedido de namoro
que João fez pra Maria:
-Meu docinho de coco,
minha flor de melancia;
Se você quer me namorar?
Meu amor eu vou lhe dar
seu sorriso é minha alegria
Mas a resposta da carta
as vezes não era o esperado:
-Me respeite senhor João!
Que já tenho namorado,
deixe de melancolia
cante em outra freguesia.
Tu és um cabra safado!
Mais também tinha resposta
Que deixava o cabra feliz:
-você quer me namorar?
Isso é o que sempre quis!
Um romance duradouro
o resultado do namoro
Era o altar da matriz.
Tinha carta de amigos
que contavam as novidades,
do passeio lá no campo
da festa lá na cidade.
Eram tantas as noticias;
Fofocas, até sem malicias
fatos com veracidade.
Hoje não se escreve cartas
pra amigo ou namorado,
basta um telefonema
estar dado o recado.
A namorada se enganou?
Na noite que passou
o namoro está acabado.
É msn na internet
WhatsApp no celular,
é namoro sem fronteira
sem o brilho do olhar.
Não se tem privacidade
nem a mesma ansiedade
em ver o carteiro chegar.
Quando o carteiro vinha
com sua bolsa amarela,
cheia de correspondências
alegria dentro dela.
Hoje quando ele vem
sua bolsa já não tem
as cartas que tinham nela.
Quando o carteiro passa
só traz conta pra pagar,
cartão de crédito, sem crédito;
a conta do celular;
mais as cartas dos amigos,
ou de amores, eu não consigo
saber onde foi parar.
Professor Donizete
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