Pelo menos dentro do vernáculo da língua portuguesa praticada no Brasil, há muito tempo usa-se a famosa força de expressão “luz no fim do túnel” para tentar trazer esperança(?) àqueles que procuram um motivo para seguir em frente ante a uma situação de perigo, desânimo ou desespero. Mas justamente esses três últimos são os principais algozes da racionalidade humana.
A Luz no fim do túnel, nesse sentido, carrega uma possibilidade de novas possibilidades, um recomeço, renovo, soluções de problemas…enfim.
E a despeito da beleza da nossa língua e das suas figuras de linguagem: hipérboles, metáforas, símiles e afins, agora vos apresento – talvez imponho – um paradoxo (ou quem sabe um ato irônico), para confrontar o que talvez seria uma falácia pseudo-ferroviária:
Cuidado com a luz no fim do túnel!
Talvez não seja o fim do túnel.
Pode ser que seja só o começo dele.
Cuidado com a luz no fim do túnel!
Talvez não seja a luz da esperança.
Pode ser, sim, um trem-bala vindo em sua direção, pronto para atropelá-lo.
Cuidado com a luz no fim do túnel!
Talvez você não deveria estar vendo luz nenhuma.
Aliás, já parou para pensar sobre como você acabou dentro desse túnel?
Cuidado com a luz no fim do túnel!
Porque nem sempre o que reluz é LUZ.
Você deveria saber disso antes de julgar o que meramente lhe aparece aos olhos.
Cuidado com a luz no fim do túnel!
Talvez o mais importante seja não sair dos trilhos.
Ou quem sabe,
Descobrir, criar, compreender e viver a própria e verdadeira luz.
Imagem: https://pixabay.com/pt/photos/t%c3%banel-comboio-estrada-de-ferro-518008/