Sinto, por muitas vezes, a necessidade de citar objetos de desejo, de falar sobre coisas maravilhosas. Porém, não as crio. Não as imortalizo.
Apenas um nada, tentando ser tudo.
Não crio frases de efeito, nem versos límpidos.
Há uma versão de mim, derradeira, que se afasta, cospe fogo e foge da vida. Do mundo. Sai da alma. Desaparece de si mesmo. Por toda a via.
Há dias que gostaria não ter me conhecido.
Entre os dias mal amados,
procuro debaixo da cama meus sapatos.
Um tanto quanto usados. Meias furadas.
Chuva e umidade, cercam meus dedos.
Olheiras penetram meus olhos o dia inteiro.
Morri todos os dias da semana,
e ainda continuo vivo.