Há uma estranha cá no ninho
Que me enche de angústia
Se esconde e se debruça
Onde eu não queria ir
Me usa
Me desampara
Me refaz
Me dispara
Só quem sabe ai de mim
Há uma estranha aqui dentro
Que me firma o pensamento
Faz miragem de outros ventos
E eu nunca existir
Me ameaça
Me conserva
Me expõe
Me enerva
Quase sempre traz um fim
Há uma estranha neste ponto
Que costura e tece o conto
Faz história e narrativa
Pra que eu saiba onde vir
Me traceja
Me ampara
Me sucumbe
Me separa
Nem que valha há de vim
Eu estranha ao meu desejo
Sabe ver o que eu não vejo
Essa outra entende o trecho
Aqui eu que vou partir