A EPOPEIA DO CUPIDO.
Durante a história, notamos as obras deste trabalhador
Muitas vezes, as suas execuções foram incorretas
Vieram a gerar conflitos e desavenças
Mas sempre cumpria a sua função de grassar o amor
Era um ser alado com um aspecto belo e jovial
Carregava flechas e um arco longo enquanto estava despido
Tinha um cabelo encaracolado e um trejeito sensual
Era o servente dos humanos, ele era o cupido
Desde os primórdios da humanidade, já era proletário
No começo, flechava a todos e conseguia achar hilário
Mas como se sabe, tudo o que se torna trabalho, é fardo
Sendo assim, o cupido começou a se sentir entediado
Mesmo com tédio, ele flechava e cumpria o seu dever
Mas os humanos apodreciam tudo sem nem perceber
Usavam os seus atos para transferir a culpa para o cupido
E por tamanha hipocrisia dos humanos, ele passou a se enfurecer
Então, ele passou a fazer jus aos seus julgamentos
Se embreagou da mais pura perversidade
Lotou a sua bolsa com as piores flechas e saiu dos seus aposentos
E partiu para promover aos humanos, a sua crueldade
Casais ridículos e autodestrutivos, ele formou
As flechas sujas de ciúmes os deixaram inquietos
Em outros, fez se apaixonarem por objetos
E o homem se iludiu ao imaginar que o amor encontrou
Repentinamente, era repudiado pelos poetas
Já que ele os flechou, mas não flechou as suas amadas
E enquanto se divertia ouvindo um poeta murmurar
O cupido teve a ideia de por uma humana, se apaixonar
Se sentiu tentado para amar e não apenas ser amado
Metade da tarefa era simples, uma humana devia flechar
Mas o mais complexo estava em si mesmo
Já que o próprio não conseguia ser flechado
E mesmo com tal dificuldade, o seu querer era incessante
Talvez por isso, se tornou um tolo, ignorante
A sua mente alegava - sem isso, jamais irei sorrir -
Com isso, o cupido passou a tracejar uma forma para se atingir
Por sua vez, tentou da maneira mais básica
E uma flecha enfincou em seu corpo, mas não surtiu efeito
A flecha deveria vir com rapidez, assim, ele planejou:
- atirarei em um metal e ela ricocheteará em mim, perfeito
Ansioso, engatilhou uma flecha em seu longo arco
Só não sabia que em seu cálculo, havia um engano
Um erro mínimo que fez com que alterasse o ângulo
E quando a flecha disparou, configurou-se tal marco
O que deveria ser efetuado com êxito, se fez uma lástima
O seu projétil veio a perfurar um ponto vital
A sangria se alastrou imediatamente
Ele tentava conter, mas ao que tudo indicava, era fatal
O suor frio descia, a medida que o sangue fervia em sua mão
Estava morrendo e nada podia fazer, não restava opção
Banhado ao próprio sangue, o cupido chorava
Pois o mais perto que chegou do amor, foi a cor que o representava
Enquanto morria, notou que havia se viciado nessa busca
Como os inseguros buscam o ópio
O cupido tanto lutou para poder amar
Mas esqueceu do mais importante dos amores, o próprio
Escrito por Gabriel Rios dos Santos (@rios_biel).
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