Por algum tempo acreditei que bastaria
A doce química do teu instigante olhar,
Ao encontro do meu, para oxigenar
O amor e catalisar duradouro convívio.
Porém, a ocorrência de dias cáusticos
Começou a calcinar-nos, sem piedade,
E o amor, ora acreditado inoxidável,
Evaporou-se diante de palavras ácidas.
Assim, lentamente, iniciou-se a oxidação.
E mesmo com adição de antioxidantes,
O reagente não obteve qualquer valência,
E o produto foi aquoso, salgado e dorido.
Teu jeito ácido, diante do meu tipo básico,
Produziu, a princípio, momentos alcalinos.
Depois, um mar de água em forma de pranto
Não neutralizou a dor e ignorou a densidade
De reativos olhares tantas vezes destilados.
Por fim, reações imprevistas nos negaram
Água límpida e o temperoso sal da vida,
O que impediu solidificar promessas de amor.